quarta-feira, 1 de julho de 2009

Olhem para mim, IV

Estava acordando e minha visão ainda estava meio embaçada, sentei-me, esfreguei os olhos, e vi um homem parado na minha frente. Olhava com ar de terror. Como se eu tivesse tirado tudo dele.
Perguntei à ele então - Que lugar é esse, e que placas são essas? - ele então suspirou e falando como se fosse óbvio - Aqui é o lugar onde as pessoas repousam até degradarem, rapaz, e aquelas placas guardam os nomes dos infelizes que já descansam. - Desde então ele pareceu mais relaxado. Ele virou e seguiu em direção à um cásebre mal-feito, mastigando uns pedaços de erva e guardando eles num papel.
Era com certeza um pouco dramático olhar para eles. Parados ali, sem ter escolha do que fazer. O pior de estar ali, era perder a vontade. E eles, tinham-na perdido.
No meio daquilo tudo tinha uma árvore. Viçosa, parecia que ela era intacta ao resto do mundo e às suas explosões. Então, olhei bem ao redor dela, e vários frutos podres ao seu redor, e outros no auge do sabor pendurados nos seus galhos. Parecia que ninguém os saboreava, e eles simplesmente caiam no chão e apodreciam. Então eu subi nela, com muito esforço já que eu não tinha força nenhuma, e colhi alguns deles, e comi como quem nunca tinha feito uma refeição na vida, sentando na raiz da árvore. E as pessoas que visitavam aquele recinto me olhavam umas com cara de terror, outras de piedade, e umas que eram todas empiriquetadas me olhavam até com cara de desprezo. Ignorei, e terminei de comê-las. Afinal, as frutas que iam cair sem que ninguém saboreasse, iam ser essas pessoas mesmo. Iam perder o ânimo de viver, e ficar num pedaço de chão qualquer às margens da sociedade.

E pensar que até ali, eu só tinha conhecido as margens da sociedade.

3 comentários:

Kangoo From Pluto (: disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kangoo From Pluto (: disse...

Ser racional me parece ser a melhor forma nesse caso. [/eucho]

"E pensar que até ali, eu só tinha conhecido as margens da sociedade." (y'

Bela Gregório disse...

Você é um bom contator de histórias garoto.

Viver o "proibido" para não se estancar nas margens..Me pareceu um tipo de intertextualidade interessante ao analisar sua conclusão.