Porém, apesar da luz não cegar-me mais, ela ainda era incompreensível aos meus olhos. Um brilho que queima de tão intenso pairando no alto junto com uma meia dúzia de coisas disformes tão pálidas quanto minha pele inocente. Algumas delas começaram a escurecer como se minha presença ali as ofendessem. Um vento forte soprava, e eu com a apenas uma camisa que cobria até a altura das coxas toda encardida. Eu nunca reparava nessa imundisse minha. Dentro do nosso quarto era escuro demais para que eu pudesse notar qualquer coisa, e quando eu saia para visitar o resto do prédio de tão feliz que eu ficava, os olhos se tornavam incapazes de focar em mim mesmo. E o ventro soprava. E por mais que aquilo no alto ainda brilhasse, eu sentia frio. E então, aqueles seres enfurecidos do céu desabaram em prantos. Caia no meu rosto e tudo escorria como se fossem minhas lágrimas. Não eram minhas, mas eu me sentia verdadeiramente triste.
A primeira coisa que me ocorreu, foi que eu sentia falta daquela lugar aconchegante que eu vivi por sei lá quantos anos. Uma paz tão grande, eu não tinha preocupações, tinha moradia, comida, e o meu feliz entretenimento. Não tinha aqueles bons homens para cuidar de mim, e agora eles que sempre pensaram no meu bem devem sentir raiva por tê-los abandonado. E tudo remetia a culpa de uma só personagem. Olhei para aquele homem que explodira a parede de meu quarto. Fitei ele com horrores que poderia causá-lo na minha cabeça. E ele permanecia sentado encostado à uma árvore. Parecia que ele me olhava não nos olhos, mas por dentro deles.
- A liberdade custou seu comodismo garoto. - Dizia ele.
- Quando eu a quiser, eu te comunico. - Respondi a ele pensando que ele se arrependeria.
- Ok, agora que você a tem você é livre pra decidir voltar.
Aquilo gerou um impacto sobre a minha cabeça. Eu perdi o equilíbrio e cai. Nunca tinha tomado uma decisão antes. Não havia por quê. E então, levantando ele disse:
- Tudo que você escolher, você pagará por isso. Se você acha que é mais fácil viver acorrentado ao pescoço por que não sabe onde ir, ótimo. Agora, deixe-me ir que existem outras pessoas que ainda clamam por ver as cores que não sejam cinzentas.
Ele me abandonou ali. Eu tinha apenas uma veste mal cuidada que não era mais o bastante para me aquecer. Eu não tinha nada à perder. Decidi segui-lo para ver o que ele faria.
Mal sabia eu, que o peso da liberdade era o que nos fazia voar...
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