"Os versos me jogaram fora
Não tenho mais o abrigo
O abrigo da expressão
Chove
E está molhando meus ossos
Pesada
O sono bate e estou na rua
Cadê as estrelas para serem meu teto?
Está tudo tão cheio de nuvens...
Essa água não mata minha sede
Intragável
O alcóol já não me embriaga
Mas talvez um brilho
Reflexo de um sorriso
Cintilante
Penetrante
Por mais discreto que seja
É o bastante."
Estava cansado. Havia acabado de chegar de uma viagem. Uma semana e alguns dias fora de casa. Morava no 3º andar. Toda vez, entrava distraído, e acabava tentando abrir a porta do vizinho, por impulso. Sempre estava pensativo. Mas dessa vez não tive tempo de distrair-me - um garoto de em torno de 7 anos estava na porta. Dissera que havia uma carta pra mim. Não havia remetente, nem nome, nem endereço. Perguntei quem havia mandando entregar, e respondeu que era um homem sorridente e com um chapéu que provavelmente cobriria a calvície. Dei uma bala de eucalypto que eu tinha no bolso para ele, para que o coitado não saísse de mãos abanando, já que estava sem dinheiro algum, mas concerteza ele odiaria só pelo cheiro. Adentrei, sem bater no vizinho dessa vez. Coloquei um blues dos meus favoritos, e sentei numa poltrona que de tanto tempo que passei ali já deveria ter tomado a minha forma. Abri o pacote, ancioso. Surpreendi-me com uma folha em branco. Irritei-me pensando sem uma brincadeira de criança, mas percebi uma frase, escrita em nanquim canto da folha: "Há de ser feliz quem realmente quer."
Então percebi que não havia cansaço, distração, apartamento, vizinho, garoto, senhor misterioso, blues ou até mesmo minha poltrona de sempre.
Mas havia uma criatura que gritou "EU!" no meio do mundo.
Não tenho mais o abrigo
O abrigo da expressão
Chove
E está molhando meus ossos
Pesada
O sono bate e estou na rua
Cadê as estrelas para serem meu teto?
Está tudo tão cheio de nuvens...
Essa água não mata minha sede
Intragável
O alcóol já não me embriaga
Mas talvez um brilho
Reflexo de um sorriso
Cintilante
Penetrante
Por mais discreto que seja
É o bastante."
Estava cansado. Havia acabado de chegar de uma viagem. Uma semana e alguns dias fora de casa. Morava no 3º andar. Toda vez, entrava distraído, e acabava tentando abrir a porta do vizinho, por impulso. Sempre estava pensativo. Mas dessa vez não tive tempo de distrair-me - um garoto de em torno de 7 anos estava na porta. Dissera que havia uma carta pra mim. Não havia remetente, nem nome, nem endereço. Perguntei quem havia mandando entregar, e respondeu que era um homem sorridente e com um chapéu que provavelmente cobriria a calvície. Dei uma bala de eucalypto que eu tinha no bolso para ele, para que o coitado não saísse de mãos abanando, já que estava sem dinheiro algum, mas concerteza ele odiaria só pelo cheiro. Adentrei, sem bater no vizinho dessa vez. Coloquei um blues dos meus favoritos, e sentei numa poltrona que de tanto tempo que passei ali já deveria ter tomado a minha forma. Abri o pacote, ancioso. Surpreendi-me com uma folha em branco. Irritei-me pensando sem uma brincadeira de criança, mas percebi uma frase, escrita em nanquim canto da folha: "Há de ser feliz quem realmente quer."
Então percebi que não havia cansaço, distração, apartamento, vizinho, garoto, senhor misterioso, blues ou até mesmo minha poltrona de sempre.
Mas havia uma criatura que gritou "EU!" no meio do mundo.
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